PETRO

Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Cárcere

Tanta dor cobre meus
Lençóis, como uma
Pele sobre uma pele, que
Por lugar de aquecer
                                      [esfria.

Por todo lado, o disfarce
Sobre os rostos é a
Máscara dos sem face,
Indiferentes ao mundo
Exterior e inundados
D'Arrogância de não
Serem nada além de
Uma vaga impressão.

Montado num Vesúvio
D'Almas, o Homem
É submisso às cascatas
Mágicas do Impossível.

A dança das sombras
Mortifica o solitário,
Arquejando virtudes e
Deglutindo o ar da
                                   [madrugada.

Mesmo vão, o esforço
É necessário.

Fantasias encenam 
O teatro dos Imortais;
O peso da cortina amor-
tece-me os ombros, er-
guem-se os vultos.

Máquinas sangrentas
Da civilização fabrica-
da operam sua
                            [engrenagem.

A estrela brilha, mer-
cadoria mórbida do
Universo.

Um sem-fim de pânta-
nos desérticos assaltam
os meus sentidos.

Bonachão, o Sentido
da Vida s'espalha 
entre minhas veias e
faz-me rir

Petro

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Cervo

Penetra os sonhos meus
A imagem corroída
De uma floresta, mosaico
Antigo na mata,
Um Cervo se destaca.

Galhado ao píncaro
De sua testa despossuída,
Guardado um mistério:
Quantos alqueires corridos,
Ainda os por correr?

A vida despossuída
Ontem, agora, em frente
Sempre a ser encanto
E em alguns momentos,
Fuga e desespero.

Olha-me vertigem,
Come a minh'alma
De Cervo menino,
Do ido e do que serei.

Vastos esteios de campos
Inda inabitáveis,
Por companhia mil sóis
Erguem-se cada manhã.

Como a relva mordida
E as feras famintas,
Das mornas tardes, e
Dos filhos desta Terra.

O Cervo se reclina
Em reverência ao Homem
Que sobe o monte e
Persegue, caçador, o
Alimento.

A Família o espera;
A Besta cospe fogo
E de Ira ele é tomado.
Pelo som da fúria,
O Cervo se retira
E a caça se inicia.

Ferve o sangue qual
Punge o instinto,
O vento sopra forte;
Aos cornos sibila.

Os Montes são paragens
Donde inicia-se a Dança
Do espírito cativo
A realçar o Caminho.

A um, virá o Fracasso,
Outro sagrar-se-á:
O Alvo urra Destino;
Minh'Alma serve-o.

O Homem caminha,
Destaca-se entre ávores
E sussurra e treme,
Ao desespero os estampidos.

E a faca, desembanhinha,
A morte opera sua Ronda.
Melhor esperarmos
O amparo da Carne.

O silêncio entra em cena
E faz-se Senhor da hora.
Os pássaros gorjeiam
Em revoada simétrica.

O Cervo afortunado
Encontra o brejo da
Segurança Eterna.
O Homem fracassa.

Petro

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Fazer o que quiser

Além de entrar ao mérito da liberdade, cousa assim que o diga, fazer o que quiser é muito difícil. Em outro momento já afirmei que nada posso contra o que quero, posto que, escrever qualquer asneira também sendo fonte ilimitada de um prazer efêmero, jamais poderia pôr em palavras o quanto realmente quisesse, e achar este raciocínio extensivo a qualquer um. Saturar um discurso com ideias passageiras, por outro lado, é facílimo: opô-las, a estas ideias, num raciocínio, a força primordial da vontade onde opera o querer é, sim, pôr no ali algo no mínimo reativo; e se for pode reter um faniquito do que quis-se dizer. Nem sempre é assim, conforme observemos o tremendo esforço palatal da fala, cuja obrigação à comunicar-se, impele o falante à revisão do que falou logo ao quando escapou-lhe da boca. No plano das ações, vale dizer, somos um organismo visceral, composto de imagens possíveis das nossas limitações biológicas - vemos atentamente a posição assumida pelo corpo, retida às retinas as experiências a conversão daquelas a estas; muita vez sem controlar o resultado disso. Mente e corpo auscultam, dividem o espaço e o tempo de querer de cada um, e lamentam o tempo perdido: causa das frustrações e desconfortos do espírito que não faz aquilo o que quer, sabe-se que, se fazer o que quer realmente existe, aí mora um gozo; logo, uma exaustão, e evitá-lo, uma repressão - fechar as portas do querer obstrui a finalidade do ser.

Petro

domingo, 24 de setembro de 2017

O germe da inanição

Ocupa um lugar especial na empoleiração dos valores morais a inanição, fosse assim preciso que ninguém mais acreditasse em nada, perdesse sua fé e crenças - isto seria ótimo para germinar no seio da sociedade uma gama de expedições em direção aos lares beatos, lembrando-os fiquem quietos e não se rebelem que o melhor ainda está por vir. O povo, uma vez acuado, deixa de ser uma ameaça e iniciado nas rezas e romarias, apenas seguiria num rebanho apático ao destino a que está fadado. Por ser interessante manter a massa acuada, sequiosa e uniforme para cujos anseios importam menos que os medos, arbitrar os valores que deveriam sopegar e as manhas a se evitar tornar-se-ia conveniente; imantar a tantos amparos, à sua sede insaciável por liberdade, o selo moral que pregam os bons costumes; e quão interessante não seria para aqueles mais poderosos este rebento de seu flagelo aquiescesse perante seus senhores, afiliarem-se aos seus partidos e contribuíssem para sua própria domesticação.

Pedro Costa

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

- Sem Título -

Bem tive tempo para debruçar-me sobre os livros, e disto tirei devo incorporar à minha filosofia, não só o pensamento - que, desfeito passa -, mas outrossim mercadorias em forma de conhecimento arduamente adquirido, à empresa da vida. Não poderia, a tal ponto, imitar as balconias de outros de quem desejo distância, mas só enquanto façam a patética ensimesmação de mim; pois, em relação aos recortes mais sérios que os apontam ao acaso, querendo opor-me. Em prova do que aqui afirmo, mais como algo profundo mas tangível e possível de ser (e permanecer) executável, sentindo no seu preenchimento estar a tratar de assuntos nada menos relevantes do que daqueles dos quais dispus-me evitar, e de cujo filosofar menos ignoro que atento para o fato de surgirem-me - a sopegar contrastes em algum momento aos meus próprios - argumentos sem preocupação com os atributos dos quais ousei intermediar à visão dos demais, sendo os meus os que mais têm relevância, se alicerçados não pela cobiça ou o mero entretenimento, de feita que melhoro à medida em que deles me distancio, ou derrogo imprestáveis e insolentes, quais de modo algum desejaria como meus; porém tendo-los representados em algum ponto, dando-os, em qualquer ordem, tais feitos uma resposta não às minhas questões, sendo por juízo meu, inúteis na forma e no conteúdo.

Petrecostal

domingo, 30 de abril de 2017

Especulações

Se bem a mim cabe aqui
Conforme, a mancha
Da escuridão, à marcha
Informe - venho a ti,

Ó, imensidão! Cabendo a si,
Minh'Alma dorme, e rancha
O verso em sua estância
Operando sob a este mim

Nada menos que especulações.
E, destarte orne, caiba
Enfim, à tão versões

Quanto o verso se abra;
Agora é misto e é ladra
De todas as cores, escuridões.

Petro

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Antes que o dia caia

Mora no violeta de um dia em plena queda, abrigado no ocaso de tudo e como um nada perfeito a minha consciência; esbanjando, da raiz de um grandioso jequitibá, que é minh'Alma, até a copa majestosa, que é até onde minha altura alcança, um sossego; uma dormência acumulada de séculos, e nostálgica ebriedade, e estende-se a minha consciência, do encanto do mar ao vazio da noite que se anuncia; e, bebe de tudo e sacia-se com o mundo diante de si, a amplidão de uma consciência inquieta, difusa e complexa, o vivo negrume esbanja em seu semblante como vagueia a lua diante do espectro noturno que a ameaça, e a tudo toca e por tudo, neste pleno nada, é tocada; consciência de antes que caia o dia que anuncia o advir da próxima aurora, com aquilo novo de novo que traz; com esta mesma consciência basta a cada novo dia, eu penso com sua permanente tarefa inconclusa, de consciência que se forma e reforma, que este dia cai feito todos os outros idos e que virão...

Pedro Costa